R E F L E X Õ E S
O governo fala da importância dos idosos para a sociedade, ao mesmo tempo em que os exclui dos reajustes salariais e dos benefícios das reestruturações de carreiras, o que concorre para o seu crescente e contínuo empobrecimento. Ninguém se importa menos com os idosos e os aposentados do que o próprio governo. Está aí um governo que, por suas ações - ou melhor, omissões - prova que não respeita os aposentados. Sugerimos que se exija de todos as autoridades a leitura das obras de Jonathan Swift, escritor inglês do século 17, autor de "As viagens de Gulliver". Dessas obras, em especial o texto em que ele descreve a solução fantástica que os habitantes de uma ilha imaginária descobriram para acabar com a pobreza: matar os pobres. Algo semelhante ao que se faz com os idosos e os aposentados no Brasil, só que aqui a coisa é mais sutil, mais disfarçada. Tratar o idoso e o aposentado daquela forma seria cruel, sem dúvida, mas também mais sincero e menos demagógico. Hoje, na verdade, parece que a maneira mais segura de melhorar a aposentadoria é morrer mais cedo.
Às vezes não nos conformamos com nossos pais, avós... e os despachamos para um asilo, para que não perturbem nem nos molestem mais. "São um fastio", diria o elegante de plantão. Talvez nos tenhamos esquecido de que Goethe terminou seu segundo "Fausto" aos oitenta e três anos de idade; de que Verdi compôs o seu "Te Deum" aos oitenta e cinco anos; de que Tiziano pintou a "Batalha de Lepanto" aos noventa e cinco; de que o ficcionista Juan Rulfo escreveu sua obra-prima, "Pedro Páramo", aos setenta anos, de que dom Pepe, Jacinto e Ramón e ... tantos outros exemplos.
Aplique umas gotinhas de otimismo às suas considerações sobre a velhice e vai ver que maravilha representa cada ancião e cada anciã para a humanidade.
Até agora você vinha passando ao longe e ao largo deles, sem lhes prestar atenção, sem valorizar a carreata de traços dignos de admiração, gratidão e aplauso que os acompanha no ocaso da vida.
Fixe sua atenção nesses traços, ao menos por uns momentos.
A experiência de vida os enriqueceu, a muitos deles, de sabedoria, de bom senso e de profundidade em seus juízos de valor.
Com o passar dos anos eles se converteram em modelos de fidelidade ao amor, para tantos e tantos matrimônios destruídos ou a ponto de sucumbirem.
O tempo lhes ensinou a não dar tanta importância ao fugaz e passageiro, e a pensar mais na eternidade, na alma, em Deus.
Como assinalou Cabodevilla no seu livro "32 de dezembro": "Há uma porção de coisas muito apreciadas, às quais o tempo acrescenta valor: a prata, os violinos, o couro, as pipas, a madeira, o tabaco, os barris, a amizade".
E a vida do ser humano?
Não nos teríamos equivocado ao despachá-los para um asilo, ao repetirmos uma e outra vez:
São "um saco"?
O que grande parte das pessoas parece não saber é que neurônios não envelhecem. Assim como a liberdade, que uma vez conquistada, não se abre mais mão dela, assim também é a memória, as lembranças, o aprendizado, as experiências. Não tem como voltar atrás, como regredir. Está tudo lá, guardadinho num cofre mágico da mente do sábio. Basta alguém dar uma volta na chave que abre esse cofre. E isso é tão simples...
Essa chave se chama "oportunidade".
O idoso não quer pena, nem compaixão. Quer a mesmíssima coisa que todos nós, crianças, jovens e adultos também queremos: atenção, carinho, respeito e uma chance que seja de demonstrar a capacidade de ser útil e produtivo.
Lamento muito por aqueles que se recusam a ter esse gesto de justiça e dignidade e dar o primeiro passo para abrir aquele cofre. Espero que lembrem que o tempo é implacável e não tem a menor discriminação: chega para todos. Portanto, também chegará amanhã para os insensíveis de hoje.
Aplique umas gotinhas de otimismo às suas considerações sobre a velhice e vai ver que maravilha representa cada ancião e cada anciã para a humanidade.
Até agora você vinha passando ao longe e ao largo deles, sem lhes prestar atenção, sem valorizar a carreata de traços dignos de admiração, gratidão e aplauso que os acompanha no ocaso da vida.
Fixe sua atenção nesses traços, ao menos por uns momentos.
A experiência de vida os enriqueceu, a muitos deles, de sabedoria, de bom senso e de profundidade em seus juízos de valor.
Com o passar dos anos eles se converteram em modelos de fidelidade ao amor, para tantos e tantos matrimônios destruídos ou a ponto de sucumbirem.
O tempo lhes ensinou a não dar tanta importância ao fugaz e passageiro, e a pensar mais na eternidade, na alma, em Deus.
Como assinalou Cabodevilla no seu livro "32 de dezembro": "Há uma porção de coisas muito apreciadas, às quais o tempo acrescenta valor: a prata, os violinos, o couro, as pipas, a madeira, o tabaco, os barris, a amizade".
E a vida do ser humano?
Não nos teríamos equivocado ao despachá-los para um asilo, ao repetirmos uma e outra vez:
São "um saco"?
O que grande parte das pessoas parece não saber é que neurônios não envelhecem. Assim como a liberdade, que uma vez conquistada, não se abre mais mão dela, assim também é a memória, as lembranças, o aprendizado, as experiências. Não tem como voltar atrás, como regredir. Está tudo lá, guardadinho num cofre mágico da mente do sábio. Basta alguém dar uma volta na chave que abre esse cofre. E isso é tão simples...
Essa chave se chama "oportunidade".
O idoso não quer pena, nem compaixão. Quer a mesmíssima coisa que todos nós, crianças, jovens e adultos também queremos: atenção, carinho, respeito e uma chance que seja de demonstrar a capacidade de ser útil e produtivo.
Lamento muito por aqueles que se recusam a ter esse gesto de justiça e dignidade e dar o primeiro passo para abrir aquele cofre. Espero que lembrem que o tempo é implacável e não tem a menor discriminação: chega para todos. Portanto, também chegará amanhã para os insensíveis de hoje.